quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A grande descoberta!


Há pouco tempo, percebi que eu possuía um dom. Fiquei muito feliz e triste ao mesmo tempo, pois eu o descobri no meio da minha família, mesmo ela não gostando de mim. Porém, este dom é superbizarro! Agora eu já me acostumei a tê-lo em minha simples vida.
Quando ele apareceu, eu encontrava-me quase em depressão. Não possuía amigos na escola, era rejeitado pelos professores e ninguém me dava atenção em casa. Não sabia o que fazer mais da minha vida. Mudei de postura, de estilo e até de personalidade já mudei, mas a situação nunca mudou. Quando eu assistia o desenho “A liga da justiça” (desenho com vários super-heróis), ficava viajando, imaginando ser um deles. Não tinha um preferido, pois, qualquer um poder que aparecesse seria ótimo; as pessoas iam gostar de mim; elas iam me amar e depender de mim. Eu queria isso!
Tudo bem que este meu dom não é lá grande coisa, mas pelo menos me proporcionou uma melhora de vida social. Eu não possuía vida social nenhuma, mas foi através dele que fui capaz de me enturmar, as pessoas passaram a gostar de mim... Eu sei que este “gostar” não é verdadeiro, mas é melhor do que nada, concorda?
Ele surgiu no dia em que toda minha família estava reunida. Eu odiava estas festas de família, contudo fui mesmo assim. Chegando lá, todo mundo cumprimentou todo mundo, mas pareciam não notar a minha presença naquele local. Fui beber meu refrigerante no canto do quintal, isolado como sempre, quando percebi que meu tio Beto, casado com a Tia Claudia, e minha prima Ana estavam indo para a varanda da frente da casa juntos. Eu não entendi, porque eles nunca se gostaram e em toda reunião eles discutiam. Então resolvi ir atrás deles para ver o que estava acontecendo, porque se eles caíssem no tapa, eu poderia chamar alguém para separá-los. No entanto, o que eu vi foi justamente o contrário... Eles estavam se atracando sim, mas com beijos e esfregões que o horário não me permite descrever. Ou seja, um casal de cachorros! Deixei o casalzinho pra lá e voltei para a festa. Quando eu fui pegar um salgadinho para comer, notei que meu primo Zé, de 27 anos, pedia tudo pra mãe dele, era refrigerante, salgadinho, docinho, e se bobear até para ir ao banheiro, ele pedia para ela ir por ele. Ô bicho preguiça. Depois disso, resolvi sair de perto para não me contagiar. Então fui ficar perto da minha irmã e do meu cunhado. Assim que eu me sentei, eles levantaram e foram dançar. Fiquei observando-os dançar, sentado na mesa. Começou a tocar “I will survive”. O meu cunhado deu um empurrão na minha irmã e ela foi tirar satisfação com ele.  Eu pensei que era um casal de cavalos, ou melhor, um cavalo e uma égua. Porém, ele começou a dançar e não parava. Quando a música chegou no refrão, ele rebolava mais que todas as mulheres juntas. Ele se soltou de uma forma assustadora! Assistindo aquele espetáculo, percebi que aquele cavalo, na verdade era égua. A amiga da minha prima Ana, estava toda elegante, como se aquela festa fosse de alguém muito importante. Com o passar da festa, eu só estava vendo-a beber sem comer nada. Ela era de tal elegância, que os meus primos solteiros estavam em cima dela que nem urubus disputando um pedaço da carniça. Na metade da festa, ela mostrou quem realmente era: um tremendo pavão! Com sua plumagem bonita estava tentando esconder os pés horríveis que possuía. Vomitou nos sapatos do meu primo Alberto, xingou a minha tia Priscila e chamou o sogro de minha irmã de veado. Confesso a vocês que é a primeira vez que vi um veado correr atrás de um pavão. Com essa confusão, meu sobrinho, filho do meu irmão mais velho, subiu na árvore e não queria mais descer. Não sabia que eu tinha um sobrinho macaco. Para melhorar a situação, o sogro do meu irmão, que é um tremendo papagaio, viu o casal de cachorros na varanda lá da frente e foi correndo contar pra tia Claudia. Só sei que a tia Claudia virou uma leoa e deu uma coça na cadela da minha prima. O elefante do meu tio Gabriel, foi tentar separar a briga. Quando olho para trás, vi o mico leão dourado do meu irmão mais velho tropeçar e cair em cima da leoa Claudia. Naquela altura minha mãe estava zunindo nos ouvidos dos outros que nem mosquito, ninguém entendia o que ela estava falando e o irmão da minha cunhada estava tirando meleca e colocando na boca. Tremendo porco. O único tio solteiro da família estava igual o mosquito da dengue, doidinho pra picar alguém. Eu não sei de onde saiu a minha cunhada, só a escutei me perguntando o que tinha acontecido. Pelo tamanho da confusão e pelo bafafá que gerou em toda festa uma pessoa não saber o que está acontecendo...  Ela foi a única pessoa que eu vi até hoje que é dois animais ao mesmo tempo: lesma e burra! Outra coisa que tenho que confessar a vocês é que, sinceramente, não sei onde estava. Uma hora achei que estava num zoológico, na outra num circo.
Depois deste episódio na grandiosíssima festa dos Silva, eu notei que era capaz de olhar para as pessoas e saber quais animais elas são. Como vocês podem ver, este meu dom é bizarro e divertido. Na escola, todos querem saber e me convidam para todas as festas possíveis e impossíveis. Virei a pessoas mais esperada de todas as festas e as atenções estão todas em mim. Eu sei que um dia isso tudo vai acabar e que os meus “amigos” vão enjoar deste meu dom, me largarão e eu voltarei a ser aquele garoto solitário de novo. Enquanto isso não acontece, vou curtindo este meu precioso e maravilhoso momento da minha vida. Dizem por aí, que felicidade de pobre dura pouco, então que seja eterno enquanto dure!

Autor: Victor Maluko

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