Domingo de verão com sol é o melhor dia
para ir à praia com a família. Há algumas controvérsias quanto a isso, mas não
levo muito em consideração, quanto mais que o assunto é sobre “pagação de mico”
da família na praia.
A diversão começa
muito antes de sair de casa. Na noite de sábado começa aquele corre-corre, as
mulheres na cozinha preparando o arroz, o frango, o molho e a farofa (o prato
que obviamente não pode faltar) enquanto os homens prestam atenção no repórter
para ver a previsão do tempo, torcendo para fazer sol, pois é a única estação
do ano que aproveitam para verem as mulheres de biquínis. Na manhã de domingo,
todos acordam ansiosos para curtirem o dia mais esperado da semana. As mulheres
acordam mais cedo para preparem as crianças, as mochilas com tudo que tem
direito. Os homens acordam um pouco mais tarde, já que a única coisa que tem
para se preocupar é com o isopor, gelo e cerveja. Tem famílias que além de
levarem o frango assado, ainda fazem churrasco, mas não vamos enfeitar tanto a
situação que já é bastante “gritante”.
A confusão começa
no ponto de ônibus. Quando o “busão” chega, é mais um corre-corre. As mulheres
preocupam-se com as crianças enquanto os homens não largam o isopor. A situação
fica mais crítica quando o “busão” começa ficar lotado e entra o pessoal com as
crianças e os isopores. É um tal de empurra-empurra, dá licença, esbarrões,
fora alguns que aproveitam a confusão para ficar sarrando enquanto vão
passando. O mais engraçado das lotações dos ônibus é que o pessoal, que vai em
pé durante a viagem, concentra-se na parte da frente do ônibus, deixando um
considerável espaço livre no fundão, na qual eu não consigo compreender.
Quando chegam à
praia, procuram o melhor lugar para ficar; o melhor lugar para fazer aquela
farofada. As crianças logo tiram a roupa para entrarem na água, as mulheres
desmancham a mochila que mais parece uma cartola de mágico: quanto mais tira,
mais tem para tirar. Os homens chegam à praia colocam o isopor na areia,
sentam-se na cadeira de praia, pegam uma cerveja e esperam a “chegada das
sereias”.
A hora do almoço
é crucial. Aquela fila quilométrica é formada em frente às vasilhas. Algumas
mães correndo atrás dos filhos, e estes dando dribles só para não saírem da
água. Elas desistem e vão falar com os pais. Os pais, por sua vez, ficam
revoltados porque vão perder a bela vista para ter que ir atrás dos pirralhos.
Eles já chegam nas crianças botando bronca e as mães vendo aquela cena, vão
tirar satisfação com eles, achando que não era necessária aquela brutalidade
toda. Pronto, começa a primeira discussão, mas tudo se resolve rapidamente e
vão todos comer, menos os homens que preferem ficar beliscando.
Depois do almoço,
as mulheres começam a acompanhar os homens na bebida. O carro próximo coloca
aquele pagodinho gostosinho de ouvir e de sambar. A essa altura, já tem gente
mais pra lá do que pra cá, e começa os espetáculos. No final da tarde, a
maioria já está bêbada. Uma mulher começa a chorar dizendo que tem saudade da
mãe já morta. Outra corre para a água dizendo que vai se matar. O maridão
bêbado corre atrás na tentativa de tirar a mulher suicida da água, ou seja,
sobra para a pessoa que não bebe para retirá-los de lá. As crianças começam a
chorar. A mãe de uma criança nota que a sua filha não está ali na praia e entra
em desespero. Começa a grande e confusa procura da criança perdida, que logo
aparece com um sorvete na mão e a mãe se lembra de ter dado dinheiro pra ela
para comprar sorvete. Começa outra discussão, só que agora é mais séria. No
meio da confusão, a mulher suicida volta pra água querendo se matar de novo. Para
piorar a situação, sua filha vai atrás e começa a se afogar. O pessoal dispara
para água para salvar a garotinha e esquecem-se da suicida. Depois de salvar a garotinha
dão-se conta da suicida e correm de novo para a água. Depois de tanta confusão
acham melhor ir embora antes que aconteça algo. Quando vão guardar as coisas, a
esposa nota que o maridão está “bizoiando” o que não devia e volta à discussão.
Agora a confusão é generalizada. Todos vão discutindo e arrumando as coisas ao
mesmo tempo. Vão para o ponto e chegam juntos com o “busão”. A situação do
ônibus é a mesma, mas o clima entre o pessoal já mudou, a discussão já acabou e
voltam todos em clima de festa, cantando um pagodinho.
Autor: Victor Maluko
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